segunda-feira, 23 de março de 2009

Os Saberes pelo mundo...


A FILOSOFIA INDIANA
Alguns julgam difícil desfrutar da filosofia, vez por outra excitante, mas freqüentemente enfadonha, emaranhada, abstrata e aparentemente de pouco valor prático. Para esses a metafísica apenas é provocadora de vertigens, pois as especulações incontroladas contrariam os princípios da cultura científica. São, talvez, esses mesmos que divulgam a filosofia como uma síntese de dados científicos, rejeitando tudo o mais.
Outros filósofos esperam que a filosofia possa um dia afirmar algo diferente dos centros científicos. Observam cuidadosamente os instrumentos e classificações mas se cansam da infinidade de respostas minuciosas sobre questões especializadas. Estes buscam respostas para as questões além do raciocínio crítico, algo que tenham compreendido intuitivamente como uma Verdade sobre a existência do homem e a natureza do cosmo.
FI LO SO FIA OCIDENTAL - Pesquisa empírica, critérios científicos, metafísica sob crítica racional
ORIENTAL - Insatisfeita com a ineficácia da filosofia ocidental, é mais exigente, sem rejeitar críticas; não pede que qualquer nível intelectual a aceite e busca uma resposta às perguntas primordiais do espírito
Esta filosofia oriental, que nos últimos anos está se tornando mais popular, insiste em primeiro determinar se o candidato à admissão possui as necessárias qualificações espirituais; se merece um lugar aos pés do mestre. Seus sábios reconhecem que seus ensinamentos são de difícil entendimento, pois esotéricos.
No ocidente também houveram distintos mestres que se ocuparam com problemas além da esfera do bem comum como Pitágoras, Empédocles, Platão. Plotino, Espinosa e Heggel; eram problemas que só podiam ser expressos for fórmulas complexas e por paradoxos. Ambas correntes filosóficas são conscientes de que os meios oferecidos pela mente e as faculdades da razão são inadequados para aprender e expressar a verdade. Além disso, o pensamento está limitado pela linguagem. Ambas se socorrem de uma espécie de silencioso colóquio interior.
O que não pode ser formulado com os símbolos e palavras correntes, numa tradição, não existe no pensamento atual. É, assim, é preciso um espírito especulativo, com esforço criativo, para romper a barreira das palavras e possa ver o todo.
Dessa forma, as técnicas e práticas do pensamento ficam limitadas pela abrangência da linguagem disponível; essa totalidade é chamada nãman.
Nãman é reino interior dos conceitos, substância com a qual a mente trabalha no ato de pensar e é formada pelo tesouro das idéias. Esse reino interior corresponde ao reino exterior das formas percebidas chamadas de rüpa (forma, figura, cor). Nãman-rüpa seria, assim, o homem dotado de mente e sentidos, ou ainda, todos os meios e objetos do pensamento e da percepção a totalidade do mundo objetivo e subjetivo enquanto observado e conhecido.
As escolas de filosofia indianas são unânimes na essência da verdade última ao afirmar que a meta final do conhecimento estão além do Nãman-rüpa, sendo motivo de atenção especial de doutrinas tanto do hinduísmo vedantino quanto do budismo mahãyãna.
Nas filosofia da Índia as preocupações mundanas, seguem, basicamente 4 metas comportamentais da vida indiana, consideradas dignas de aprender e transmitir:
Artha ciência da riqueza e sobrevivência tratando de conhecimentos relativos às posses materiais - economia, política, diplomacia e guerra; texto básico é o Arthasastra;
Kãma conhecimentos relativos ao prazer e ao amor (cupido); texto básico é o Kãmasutra;
Dharma abrange o contexto dos deveres religiosos e morais; textos básicos são os Dhãrmasutra e os Dhãrmasastra;
Moksa trata de liberação espiritual, considerada a meta mais importante; textos básicos tratam da metafísica posta em prática.
O arcaico objetivo de compreender o cosmo e a vida como uma totalidade (universalidade, holismo) passou a ter menor prioridade entre os ocidentais; verificamos que a religião e a filosofia foram se transformando (sobretudo depois da Revolução Cultural no século XIX) em ciência, tecnologia e economia política, cabendo, hoje, a pergunta: “Temos as devidas qualificações para compreender o Moksa?”
Por este caminho os indianos foram levados a terem um pensamento mais voltado para o esoterismo; os ocidentais ficaram mais voltados para o pensamento exotérico, embora sabidamente estejam abertos à investigação desde que o indivíduo tenha:
a) uma educação básica;
b) algum treino intelectual que habilite a busca de argumentos.
Não era assim nos tempos de Platão e Pitágoras - lembram que- “Ninguém sem preparo em matemática pode cruzar este meu umbral”.
Do ponto de vista hindu e budista, o enfoque dos ocidentais é puramente intelectual nas questões teóricas relativas ao Moksa parecendo diletante e superficial.

A Índia, neste aspecto, está com Platão. O saber, sobretudo na antiguidade oriental, não devia, apenas, ser colhido em livros, palestras e debates, mas dominado por aprendizagem ao lado de um mestre. Deve ser realizada uma transferência psicológica entre o mestre e o discípulo, pois uma TRANSFORMAÇÃO precisa ocorrer.
A filosofia oriental é auxiliada pela prática de uma forma de vida: a reclusão monástica, o ascetismo, a meditação, a oração, os exercícios de Yoga e a dedicação ao culto. Assim, a verdadeira aquisição é apenas aquela que se vê confirmada na própria vida; os valores dos ensinamentos de um homem dependem do grau em que sua própria vida os confirme.

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